quinta-feira, 16 de abril de 2009

Falta de informações dificulta adequação ao Sped

Especialista diz que empresários desconhecem projeto e explica que não é apenas uma questão fiscal ou de TI

A resistência de algumas empresas ao Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) pode não estar relacionada somente às dificuldades de cadastramento na obrigatoriedade ou à redução de custos por conta dos efeitos da crise econômica global. De acordo com o autor do livro sobre Sped Big Brother Fiscal, Roberto Dias Duarte, ainda há uma grande lacuna de conhecimento nas companhias sobre o que é o projeto.

"Este é um projeto multidisciplinar, que abrange conhecimentos e profissionais de diversas áreas", afirma. Segundo o especialista, o Sped não deve ser encarado como uma questão somente fiscal ou de TI. Na visão de Duarte, a obrigação representa uma ferramenta técnica para obter informações sobre fraudes e sonegações e também de gestão, pelo qual se tem uma resposta a respeito do que foi investido.

"Os empresário acreditam que só o governo se beneficia com o projeto. É claro que há custo, mas sai muito mais barato do que colocar tudo no papel", analisa. Além da redução de despesas com emissão e armazenamento de documentos, o novo procedimento digital permite a troca de informações entre os próprios contribuintes a partir de arquivo padrão e o cruzamento entre os dados contábeis e os fiscais.

A facilidade de acesso às informações vai aperfeiçoar a fiscalização das Secretarias de Fazenda e da Receita Federal e o envolvimento involuntário em práticas fraudulentas também é reduzido. "Trata-se da inserção das autoridades legais na Era do Conhecimento", pontua Duarte, sobre a necessidade de rigor com os dados atribuídos pelas corporações em seus sistemas. "As empresas que são competitivas por questões não muito éticas passarão por regulamentação", assegura.

Margem

A prorrogação do prazo para adequação das empresas ao Sped dará mais tempo para quem ainda não se ajustou às normas. O principal motivo alegado para o atraso seria a contenção de custos em decorrência da crise mundial. De acordo com Duarte, "as empresas que subdimensionaram o tamanho do problema e deixaram para a última hora terão prejuízo".

Segundo o levantamento da consultoria everis - feito com 88 das 500 maiores companhias do País -, metade das empresas ouvidas ainda não fez a adequação de seus sistemas para emitir a NF-e. Além dela, a escrituração fiscal (EFD) foi finalizada por 11% das companhias e a contábil (ECD), por apenas 10%.